Enquanto o telégrafo nos dava notícias tão graves (...), coisas que entram pelos olhos, eu apertei os meus para ver coisas miúdas, coisas que escapam ao maior número, coisas de míopes. A vantagem dos míopes é enxergar onde as grandes vistas não pegam.

(Machado de Assis)





O pensamento desse escritor carioca revela bem a preocupação contemporânea para com as "coisas miúdas", pois nelas encontramos as maiores revelações do cotidiano.

O cotidiano deve ser encarado como uma possibilidade histórica, através dele reconstituimos a sociedade e assim compreendemos os seus hábitos e costumes.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CEBOLÃO



O cebolão foi um relógio de bolso muito utilizado pelos nossos antepassados, estima-se que por volta de 1908, a pedido de Santos Dumont, o pai da aviação, o primeiro relógio de pulso tenha sido produzido a seu pedido. Sabe-se que ele encontrava certa dificuldade em marcar o tempo de suas experiências “voadoras”, assim, encomenda ao amigo da empresa Cartier a criação de um relógio de pulso, que era muito mais prático. Ou seja, o modelo que na época causou estranheza, hoje, é o modelo mais popular, e o que era tradição pode causar estranheza para alguns de nós na atualidade. Afinal, encontrar alguém com um relógio de algibeira é bastante incomum na contemporaneidade.
Se quiserem ler mais sobre o assunto sugiro:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-relogio/historia-do-relogio2.php

ODISSÉIA DO SOM

Sobre o aprisionamento das palavras e do som, este lindo sonho, diversas foram as histórias concebidas pelo homem e podemos encontrá-las nas lendas e na literatura.
A lenda mais antiga data de dois mil anos antes de Cristo e discorre sobre um imperador chinês que recebeu de presente, de um viajante uma estranha caixa que continha palavras, as quais somente poderiam ser lidas com as orelhas.
O interessante, além da ideia, é a forma como é apresentada: a imagem de se ler com as orelhas. Afinal, como o homem poderia se referir a gravação?
Se existiu ou não esta estranha caixa, não se sabe. Mas o importante é saber que há 4.000 anos existe a aspiração do homem de poder prender a palavra e liberá-la a seu bel-prazer.
Sabe-se que somente na virada do século XIX, através da ciência, foi possível apagar o etéreo que envolvia o sonho, para apresentar a devaneadora máquina que é o "fonógrafo", de Edison, que abre caminho para o seu substituto o "gramofone" que povoca a criação dos discos, das 70 para as 78 rotações, produzindo um som mais agradável.
Referências:
Texto de Amaro Moraes e Silva Neto - livro "Odisséia do Som"
Museu da Imagem e do Som - São Paulo.

A TELEFONISTA

No início do século XX, as mulheres se estabelecem no mercado de trabalho. Inicialmente em espaços fechados, acreditava-se que em espaços fechados as mulheres estavam protegidas de todos os perigos e influências negativas provocadas pela vida moderna, isso inclui as tentações. Os primeiros espaços foram as salas de aula, afinal, as mulheres tinham habilidades para cuidar de crianças, depois vieram as fábricas, especialmente de tecelagem e fiação. Do trabalho para a casa, as mulheres foram conquistando o espaço público. Assim, o universo de trabalho destinado ao público feminino foi se ampliando até chegar a profissão de telefonista, afinal apesar de conversarem com estranhos, elas continuavam protegidas e distantes dos seus interlocutores.
A profissão foi dominada pelas mulheres, que recebiam instruções sobre como manipular os equipamentos, ética, tom de voz e seleção de palavras que deveriam ser utilizadas na conversação. Algumas revistas da época chegaram a escrever que o monopólio feminino na profissão dava-se em virtude de sua característica tagarela.
Sabe-se que o telefone tornou a vida mais fácil, as informações, as notícias ganharam rapidez. Antes as notícias de um parente distante chegavam por carta ou telegrama. O telefone transformou as comunicações, deixo-as mais humanas, apesar do aparelho. Falar com alguém distante ou ouvir a sua voz era motivo de muita alegria.
A partir do sistema automático, implantado em 1928, na cidade de São Paulo, as telefonistas passaram a ser dispensáveis, afinal, os serviços delas não eram mais imprescindíveis, mesmo assim elas continuaram trabalhando por um bom tempo, pois
as pessoas demoraram a se habituar a fazer ligações sozinhas.

Mais informações em:
http://www.fundacaotelefonica.org.br/Museu/Files/trabalho01.pdf

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Imaginar a vida sem computador já é difícil, que dirá sem luz elétrica.
Em Barretos, a energia chegou em 1911. Isso explica algumas arquiteturas da cidade, entre elas, a do prédio do Museu, que é dotado de muitas e grandes janelas que ajudavam na iluminação e na ventilação do local, além de ser característico da arquitetura do período.
Muitos fatores influenciam a adoção de determinados estilos arquitetônicos e todos eles encontram explicações razoáveis e científicas.
Para compreendermos o mundo é imprescindível a pesquisa.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010



O lambe-lambe representa tanto o profissional fotógrafo do início do século XIX quanto a máquina fotográfica utilizada por ele.
A explicação para a adoção do nome é controversa, são várias as versões, mas todas indicam uma ação óbvia o ato de "lamber", para alguns molhava-se o polegar e a ponta do indicador com saliva e fazia-se uma leve pressão com esses dois dedos sobre um dos cantos da superfície do material fotográfico. O lado que estivesse com a emulsão apresentaria uma certa aderência, ou seja, tenderia a colar, assim o profissional conseguia identificar o lado certo. Esta explicação parece-nos bastante plausível e ainda reserva em si uma certa magia que nos seduz.

"Mas é inevitável que de cada procedimento técnico, exercido com amor e rigor, se desprenda uma poesia específica. Mais ainda no caso da fotografia, cujo vocabulário já participa da magia poética - a gelatina, a imagem latente, o pancromático - e cujas operações se assimilam naturalmente às da criação poética - a sensibilização pela luz, o banho revelador, o mistério da claridade implícita no opaco, da sombra representada pelo translúcido - ó Mallarmé!"
Carlos Drumond de Andrade

Para aqueles que se interessarem em ler mais sobre o assunto sugiro:
http://www.mnemocine.com.br/fotografia/rubens.htm